quinta-feira, 29 de dezembro de 2011

Estratótipo de Cabo Mondego


Pode-se definir um estratótipo como uma sucessão de camadas líticas com limites bem definidos que, são usados como referência, na caracterização de unidades estratigráficas (como andares, limites estratigráficos, etc...). Quando uma destas sucessões de camadas é aprovada pela ICS (Comissão Internacional de Estratigrafia), o estratótipo passa a denominar-se GSSP. Portugal possui dois GSSP's, um no Cabo Mondego e outro em Peniche, ambos marcam o período do Jurássico (199.6-145.5 Ma).
Tabela GSSP's

O estratótipo de Cabo Mondego, marca a base do andar do Bajociano (Jurássico médio – 175.6-161.2 Ma) e, foi aprovado pela IUGC (União Internacional das Ciências Geológicas) no encontro do Comité Executivo em Janeiro de 1996. A grande razão, pela qual, a secção da Murtinheira ganhou a Bearreraig Bay (Escócia), foi pela grande diversidade de amonites existentes – espécies do norte da Europa e Mediterrâneo.
Cabo Mondego
Cabo Mondego, localiza-se na Costa Atlântica Portuguesa a 40Km oeste de Coimbra e a 7Km norte da Figueira da Foz. Obedece a pontos de um bom GSSP: tem uma enorme exposição, não possui variações significantes nos fácies nem complicações estruturais. As camadas são monoclinais e têm atitude de 30ºS e, consistem em sedimentos marinhos, que datam desde o Torciano superior (183.0 – 175.6 Ma) até ao Caloviano médio (164.7 – 161.2 Ma), com espessura que excede os 400m. À secção Aaleniano-Bajociano (definida em 77,8m a partir da base da secção na base Bed AB 11), corresponde uma alternância entre calcários e margas, por vezes muito fossilíferos, com bioturbação, fragmentos de carvão, pirite disseminada e nódulos raros de celestite; os estratos têm espessuras de 0,15 a 0,25 (finos) e, as suas superfícies são regulares.
Amonite - Cabo Mondego
Como dito anteriormente, a presença de amonites foi um grande factor para a determinação deste estratótipo, mas, mais determinante ainda foi terem sido correlacionadas, com o limite Aaleniano-Bajociano, as primeiras ocorrências de espécies como Hyperlioceras mundum, Hyperlioceras furcatum, Braunsina aspera, and Braunsina elegantula. Também, com este limite, coincide a inversão da polaridade inversa para a normal que, pode ser correlacionada com a escala de tempo da polaridade magnética correspondente ao Jurássico.
 

Referências:

Vera Torres, Juan (1994), “Nomenclatura estratigráfica”, in Juan Vera Torres (org.), Estratigrafia – Princípios y Métodos. Madrid: Editorial Rueda, 576-578

Pavia, G. e Enay, R. (1997) “ Definition of the Aalenian-Bajocian Stage boundary”. Episodes, Vol.20, no.1, pág.16-22. [Consult. 29 Dez. 2011] Disponível em https://engineering.purdue.edu/Stratigraphy/references/Bajocian.pdf

GEISTÓRIAESTRATÓTIPOS. João Brissos, Outubro de 2008. [Consult. 29 Dez. 2011] Disponível em http://geostoriaestpal.blogspot.com/2008/10/estrattipos.html

INTERNATIONAL COMMISSION ON STRATIGRAPHY – GSSPS. ICS, [Consult. 29 Dez. 2011] Disponível em http://www.stratigraphy.org/column.php?id=GSSPs

INTERNATIONAL COMMISSION ON STRATIGRAPHY – INTERNATIONAL STATIGRAPHIC GUIDE. Amos Salvador. [Consult. 29 Dez. 2011] Disponível em http://www.stratigraphy.org/upload/bak/strats.htm

SUBCOMISSION FOR STRATIGRAPHIC INFORMATION – GSSP FOR BAJOCIAN STAGE. Dr. Gabi Ogg, Dezembro de 2011. [Consult. 29 Dez. 2011] Disponível em https://engineering.purdue.edu/Stratigraphy/gssp/detail.php?periodid=59&top_parentid=0

WIKIPEDIA – BAJOCIAN. Desconhecido, Março de 2011. [Consult. 29 Dez. 2011] Disponível em http://en.wikipedia.org/wiki/Bajocian

WIKIPEDIA – GLOBAL BOUNDARY STRATOTYPE SECTION AND POINT. Desconhecido, Dezembro de 2011. [Consult. 29 Dez. 2011] Disponível em http://en.wikipedia.org/wiki/Global_Boundary_Stratotype_Section_and_Point

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